sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ENEM: O Caos?

Artigo de Opinião de João francisco Neto


O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi instituído pelo Ministério da Educação (MEC) a princípio para aferir a qualidade do ensino ministrado no Brasil, mas, logo em seguida, passou a ser utilizado por diversas universidades, como importante elemento para o processo de seleção dos candidatos que desejam obter uma vaga no ensino superior. De há muito tempo já vinha se arrastando a discussão sobre o esgotamento da fórmula de seleção dos vestibulares tradicionais. Imaginava-se, então, que, com o Enem, teríamos algo parecido com o exame aplicado nos Estados Unidos, o SAT (Scholastic Assessment Test), de onde teria vindo a inspiração para esse novo exame. Nos Estados Unidos não existe o exame vestibular da forma como é praticado aqui no Brasil, mas, como lá também não há vagas para todos, alguma forma de seleção tem de ser aplicada. As universidades americanas lançam mão dos mais variados critérios, inclusive das tão faladas “quotas raciais”, porém o principal método é a pontuação obtida no SAT, que vem sendo aplicado há muito tempo; mais precisamente, desde 1926. Além do SAT, outros tópicos que servem para a avaliação do candidato são o histórico escolar do aluno, cartas de referências e o envolvimento com atividades esportivas ou comunitárias. O modelo de prova do SAT tem origem na tradição humanística das primeiras universidades americanas, que privilegiavam uma formação mais ampla e geral dos alunos, e não apenas um conhecimento meramente enciclopédico, muitas vezes sem nenhum vínculo com a realidade. Nos EUA, esse exame nacional é aplicado sete vezes ao ano, e o aluno pode repeti-los quantas vezes quiser. 

Mas, voltemos ao nosso Enem. A iniciativa desse exame contou com a receptividade da maior parte do público envolvido: universidades, professores, alunos, pais, etc. Mas, a iniciativa precisava se firmar e ganhar credibilidade. No ano passado, o vazamento das provas (e de dados pessoais dos candidatos) causou grande confusão e prejuízo à imagem do Governo, do MEC, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e, afinal, do próprio Enem. Diante de tanto descontrole, um novo exame foi preparado às pressas, para ser aplicado dois meses mais tarde. O desastre do ano passado provocou o desarranjo do calendário das universidades que haviam adotado o Enem em seu processo de seleção. Imaginava-se que as autoridades encarregadas pela elaboração agora tomariam as precauções redobradas, para recuperar o prestígio desse exame. Mas eis que, iniciada a realização das provas deste ano, o Brasil logo se deparou com um novo fiasco: falhas de montagem dos cadernos de provas, questões repetidas, falta de questões, inversão de folha de gabaritos, etc. Estava instalado o caos, de novo. No início, as autoridades encarregadas pelo Enem tentaram minimizar o assunto, declarando que o problema havia atingido um pequeno número de provas, tendo em vista o total de candidatos em questão. Contudo, não é esse o ponto; se foram muitas ou poucas provas atingidas pelo erro. A questão central é a confiança perdida, diante da monumental incapacidade do Governo de realizar um exame tão importante para todo o País: são gráficas que falham, gabaritos errados, falhas logísticas, quebra de sigilo, etc. Afinal, se se julgava que a instituição do vestibular tradicional encontrava-se desgastada e falida, podemos constatar que, infelizmente, o Enem, por ora, ainda não reúne as condições necessárias para se firmar como o principal critério de admissão ao ensino universitário no Brasil. Há muito ainda por fazer, e essa será uma pesada tarefa para o novo Governo. 

#Postado por: Laryssa Duarte.

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